quinta-feira, novembro 02, 2006

Não podemos permitir que desvirtuem os objetivos da SES

Quando o Setor de Adolescentes deixou de ser equipe de um profissional e, passou a ser uma equipe de dois, não parou de crescer. Por outro lado, o espaço da Unidade Terciária de Pediatria do Hospital de Base do DF, passou a ficar cada dia menor para nós. A procura por um lugar mais apropriado foi vital. O primeiro namoro foi com o antigo PA Central na 712 sul. O “INPS” transferiu o espaço para o HBDF da SES. Em cinco anos os profissionais remanescentes estariam aposentados. Fizemos planos, imaginamos a recuperação dos jardins e sonhamos com um imenso toldo para nosso primeiro espaço de vivências. Escrevemos, desenhamos o projeto e solicitamos o espaço com o apoio do chefe da Unidade de Pediatria e do Diretor do HBDF. Nossa proposta chamou tanta atenção que surgiram vários outros pretendentes pelo espaço. Em termos de atenção a saúde, nenhuma proposta era melhor que a nossa, mas politicamente tinham muito mais força. O “PA Central” virou Saúde do Trabalhador, depois deu lugar para Medicina Alternativa e, atualmente, DISAT.

Continuamos passando o chapéu quando, de repente, em 1997, fomos procurados para resolvermos três problemas. A falta de espaço no ambulatório do HBDF, a necessidade de espaço para crescermos e a iminência de desativação do Centro de Saúde Nº 6 (CS 06). A coordenadora do PRAIA, na época, a assistente social Maria Aparecida Lacerda, foi convidada para assumir a chefia do Centro de Saúde Nº 06 e, em pouco tempo, nossa equipe o transformaria num espaço só para adolescentes. Em uma noite esbocei o projeto. Pela primeira vez surgia o nome ADOLESCENTRO. Inicialmente, teríamos a metade do CS 06 e com o tempo assumiríamos o resto. No entanto, quando chegamos ao CS 06 só havia duas salas para cinco profissionais atenderem adolescentes e suas famílias. A Associação dos Diabéticos, que ia sair, ficou e ainda ocupou mais dois espaços no CS 06.

Nesse ínterim, a promotoria da Infância e Juventude abriu um processo contra o GDF exigindo o cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Em setembro de 1998, o Governador Cristovam Buarque, pelo Decreto 19.620, de 23 de setembro, transforma o CS 06 em Adolescentro. Na época, achamos que tudo isso tinha acontecido devido aos nossos lindos olhos azuis ou pela importância de nosso trabalho para a população adolescente. Bem, a promotoria retirou o processo, a SES mudou a chefia do Centro de Saúde Nº 06 e, apesar de alimentarmos a estatística de atendimento, continuamos sendo tratados como “estranhos”. Estávamos lá de favor. Não tínhamos nem o direito a uma auxiliar de enfermagem, apesar do nosso atendimento de consultório representar 48% de todo o CS 06. Os grupos, até hoje, não são contados na estatística.

Decidimos então formar duas frentes. A primeira era para transformar o CS 06 no Adolescentro e, a segunda, enquanto não acontecia a primeira, conseguir o reconhecimento do Adolescentro como uma Unidade de Atenção Biopsicossocial ao Adolescente em Família pela SES. O Adolescentro existia para a Vara da Infância e Juventude, para o Ministério da Saúde, para a OMS, para todos os nossos parceiros, no entanto, não existia para a própria Secretaria de Estado de Saúde.

No ano de 2006, a conjunção dos astros e das pessoas comprometidas com a atenção à saúde, José Ribamar Malheiros, José Rubens Iglesias e José Geraldo Maciel, viabilizaram nosso grande desejo, que culminou com a Portaria Nº 47 de 22 de setembro de 2006. Para nós, esse processo é uma longa história, cheia de altos e baixos. O problema é que nunca sabemos se estamos num alto ou num baixo. Apesar da portaria 47, do apoio incondicional dos servidores do CS 06, da adesão ao treinamento com o reconhecimento e inclusão dos mesmos nos atendimentos, da reação contrária da Gerente do CS 06 e das reclamações encomendadas até o último dia de outubro, segundo a assessoria do SES, não foi publicada a nomeação do gerente do Adolescentro.

O Adolescentro continua não existindo, apesar de oferecer atendimentos específicos e inexistentes, em outras unidades da SES, como Atenção a Adolescentes Vivendo uma Situação Especial de Uso de drogas, Grupo Multifamília para Orientação e Apoio aos Pais desses adolescentes, Acolhimento e Tratamento a Adolescentes e Mulheres com Vivências de Violências, Atenção a Problemas de Escolaridade como Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, Transtorno Desafiante opositor, Transtornos de Conduta e outras co-morbidades, Grupo de Mulheres, Grupos Terapêuticos-Vivenciais, Grupo de Instrumentalização de Pais para o resgate da autoridade na relação com os filhos e construção de relações amorosa na família. Todos os atendimentos envolvem a família, não como informantes, mas como clientes e parceiros na solução dos problemas. Somam-se a isso o Treinamento em Serviço oferecido todos esses anos, com o objetivo de ampliar a rede de atenção Biopsicossocial ao adolescente em família na SES.

Apesar da especificidade, importância e necessidade dos programas oferecidos pelo Adolescentro, a grande preocupação, no momento, parece ser quatro queixas encaminhadas à ouvidoria a respeito da transferência dos programas de Diabéticos e Hipertensos do CS 06. Todos os pacientes cadastrados (Total=423: Diabéticos=45; Diabéticos c/Hipertensão=170; Hipertensos=208) que vieram ao grupo ou às consultas desses programas já foram transferidos, sem problemas, para os CS 07 e CS 01, ou para o CS mais próximo da residência do cliente. Todas as Unidades da SES oferecem esses programas, o que facilita e viabiliza a transferência sem perdas para o cliente.

Estamos num alto ou num baixo? Eu não sei. No entanto, sei que temos que continuar lutando para que as ações de atenção à saúde da SES, como a transformação do CS 06 em Adolescentro, sejam de fato orientadas pelas necessidades reais da população. Não podemos mais permitir que algumas pessoas com interesses apenas pessoais e com pressão política maior, desvirtuem os objetivos da SES.

Valdi Craveiro Bezerra

Um comentário:

Anônimo disse...

Ainda não sei como está situação do Adolescentro, MÁS POSSO DIZER QUE QUALQUER MANIFESTAÇÃO CONTRÁRIA A TORNAR O cs 1406 EM caps ADOLECNTRO CHEGA A SER UMA ATITUDE DE IRRESPONSABILIDADE. ISSO PARA PEGAR LEVE