sexta-feira, outubro 20, 2006

O CAPS ad – ADOLESCENTRO não pode ter morte prematura

Brasília 18 de outubro de 2006

Caro parceiro do ADOLESCENTRO

Há 24 anos começou nossa história. O Setor de Adolescentes da Unidade de Pediatria do Hospital de Base era criado, como parte de um projeto de múltiplas especialidades pediátricas. Apesar de ter compartilhado todas as dificuldades comuns ao país, ao DF e a Secretaria de Estado de Saúde (SES), a nossa história é de um constante crescimento e de sucesso.

Já fomos uma equipe de uma pessoa e hoje somos uma equipe de nove profissionais: 3 pediatras-hebiatras, 1 ginecologista infanto-puberal, 2 psicólogas, 1 assistente social, 1 auxiliar de enfermagem e 1 auxiliar serviço social. O desejo e determinação de sermos uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, garantiu nossa existência como equipe de fato.

Assumindo desde o início uma abordagem sistêmico-complexa como forma de viabilizar nossa determinação, essa equipe de profissionais se auto-intitulou de ADOLESCENTRO, O Centro de Referência, Pesquisa, Capacitação e Atenção à Adolescência. Esse título pomposo e pretensioso é confirmado e reconhecido por toda nossa clientela e pelas instituições que demandam nossos serviços, pela qualidade, persistência e seriedade do nosso trabalho.

O objetivo do ADOLESCENTRO é a promoção do adolescente como sujeito de sua história de vida, de sua saúde, de sua autonomia. Atendemos adolescentes do DF e entorno de 10 a 19 anos, em sua grande maioria com condições sócio-econômica desprivilegiada, em uma abordagem biopsicossocial na qual a família está incluída como parceira e cliente no atendimento.

Além do atendimento clínico ao adolescente, oferecemos atendimento especializado nas áreas de violência, uso de drogas, transtornos que dificultam a aprendizagem, comportamentos disruptivos e problemas familiares, visando o atendimento do adolescente como um todo em sua integralidade. Várias instituições como a Vara da Infância e Juventude, Conselhos Tutelares, Promotoria, DEAM, DPCA e Casa Abrigo, nos encaminham adolescentes devido a complexidade de seus casos, os quais não encontram, além do ADOLESCENTRO, outra referência que respondam as suas necessidades.

Embora uma parte de nossa clientela seja encaminhada por essas instituições, seu maior contingente deve-se a procura espontânea pela comunidade, devido a divulgação por nossos adolescentes e famílias. São em média 750 atendimentos por mês, entre adolescentes e familiares, nas modalidades de atendimento individual e de grupos terapêuticos vivenciais.

As atividades clínicas, de promoção e de prevenção formam uma unidade indissociável na nossa maneira de enfrentarmos os problemas que ameaçam a saúde do adolescente e de sua família. A metodologia desenvolvida e utilizada pelo ADOLESCENTRO consiste na construção de relações amorosas na família e nas relações inter-pessoais. Assim, atua-se na prevenção da violência, do uso prejudicial de drogas, das DST e da gravidez não planejada.

Além dessas atividades, o ADOLESCENTRO oferece, anualmente, o Treinamento em Serviço para 35 profissionais da SES, de outros órgãos do GDF e do entorno, os quais formam a rede de atenção ao adolescente em toda a região. Essa capacitação tem uma carga horária mínima de 360 horas, e como resultado dessa atividade, a criação de 15 núcleos de atenção biopsicossocial ao adolescente em família na rede de serviços da SES. De 1999 a 2005 foram capacitados 85 profissionais de medicina, enfermagem, psicologia, serviço social, educação e auxiliares de nível médio. No ano de 2006 estão sendo formados 35 profissionais provenientes da Secretaria de Ação Social, do Conselho Tutelar, do Programa Família Saudável, da Polícia Militar, da Casa Abrigo, além dos profissionais da SES.

Somos uma equipe de profissionais determinados, que realiza um trabalho de alta qualidade, e não mede esforços nem depende de condições ideais para realizar o trabalho que acreditamos necessário. Buscamos durante todo tempo parcerias e convênios para a realização de nossos projetos. Apesar de todo nosso esforço e empenho, existiam questões legais e práticas que dificultavam certas ações, tais como a realização de parcerias e convênios, que são relações estabelecidas entre instituições e não entre instituições e pessoas, como acontecia com o ‘ADOLESCENTRO’.

Até o dia 22 de setembro de 2006 essa valorosa equipe ocupava as dependências do Centro de Saúde de Brasília Nº 1406, situado na Via L2 Sul na Quadra 605. O espaço terapêutico era formado por um salão de vivência, três consultórios, uma sala de secretaria e a área externa do CS onde também realizávamos vivências. Nesse dia, no seu 24º aniversário, o ADOLESCENTRO e toda a comunidade adolescente e seus familiares, receberam um grande presente, a portaria Nº 47 de 26 de setembro de 2006. Finalmente, após oito anos de negociações, tentativas e esperas, o Secretário de Estado de Saúde (SES), Sr. José Geraldo Maciel, atendendo o disposto no Decreto Nº 19.620, de 23 de setembro de 1998, definiu a finalidade e operacionalização do Adolescentro, ratificando a transformação do CS1406 em ADOLESCENTRO. A partir dessa data o ADOLESCENTRO passou a ser todo o Centro de saúde.

Apesar do grande feito da atual gestão da SES, a mudança política que ocorrerá na passagem do ano, além de anunciar novas esperanças é também prelúdio de sérias apreensões. Enquanto nossa equipe assume os objetivos da SES, que é garantir o melhor atendimento e promoção da saúde integral à comunidade atendida por nós, há grupos que não concordam com esses objetivos.

Após a publicação da Portaria Nº 47, quase todos os profissionais do CS1406 nos apoiaram e elogiaram a medida. Os profissionais que não se identificaram com o atendimento voltado para o adolescente, colaboraram solicitando a transferência para outras unidades da Regional Sul, para dar continuidade aos projetos que vinham desenvolvendo no CS1406. Essa atitude generosa e ética desses profissionais está proporcionando a transição mais tranqüila, de finalidades de uma unidade de saúde, que a SES já realizou. No entanto, estamos sofrendo constantemente ameaças de um retrocesso total na mudança de governo. Apesar da importância do CAPS ad –ADOLESCENTRO para toda a comunidade do DF e entorno, há um pequeno grupo de pessoas determinadas a usar todas as influências políticas possíveis com o novo governo, para tornar o ADOLESCENTRO no que era antes, um Centro de Saúde que atendia apenas 14% de sua área de abrangência. Um serviço para poucos diante de tantas necessidades de nossos jovens.

Acreditamos na importância do CAPS ad –ADOLESCENTRO para qualquer partido político ou governo. Acreditamos que todo governante e sua equipe tem como meta o bem de seu povo. No entanto, não podemos deixar de considerar que, não são apenas as necessidades que orientam os feitos de nossos governantes, mas soma-se a isso todas as pressões políticas e os interesses pessoais de alguns.

Por isso, certos de que podemos contar com nossos parceiros, solicitamos, dentro de suas possibilidades, o apoio formal junto ao governo de transição, para dar continuidade e continuarmos ampliando e multiplicando os trabalhos do ADOLESCENTRO, agora um CAPS ad –ADOLESCENTRO.

Atenciosamente.

Equipe do ADOLESCENTRO

Um comentário:

Anônimo disse...

faço perte do CMDCA de igaporã vemos a real necessidade de ter em mossa cidadeo CAPS AD gostaria de mais informaçoes sobre este trabalho de vcs grata pela ajuda subescreve-se maria celma